01/09/2009

À Sombra da bananeira



O conceito em si é predominantemente perjurativo. Quem está à sombra da bananeira está, tácita ou declaradamente, sem fazer nada, mandriando descaradamente, quase sempre, nas barbas de outros.

Parece-me que este estado de espírito só pode ter tido origem em latitudes temperadas, ou melhor, em latitudes de temperaturas quentes, primeiro porque as bananeiras não crescem na escandinávia e em segundo lugar porque a sombra é fresca onde faz calor e fria onde faz frio. Esta constatação associada à observação preguiçosa que o outro, ou outros, que não está na dita sombra possuí as ditas barbas, remete-me para um imaginário revelador em que ambos estarão em terreno arenoso e aprazível, um descansando e outro, de barbas, produzindo.

Por esta altura, quem lê estas linhas já concluiu, de certo, que se tratam de dois, ou mais, piratas que se encontram numa qualquer ilha tropical onde o primeiro pelo seu estatuto ou por crua presunção descansa enquanto os demais executam o seu trabalho que, agora evidente pelo contexto sugerido, se traduz em subterrar levianamente um imenso tesouro confiscado em nome próprio em alto mar.

Enquanto escrevo noto que esta página bem poderia tratar dos piratas ressurgidos no nosso século, refiro-me àqueles que atacam os barcos nas costas da Somália mas bem poderia referir-me aos outros, os que atacam contas bancárias e poupanças, ou aos que atacam empregos. Mas o que me trouxe aqui foi a sombra e as bananeiras, deixo os piratas para outra ocasião.

O que me trouxe foi o imperativo de pôr por escrito que às vezes os que estão à sombra da bananeira são aqueles que com um árduo empenho a semearam e plantaram e até o conseguiram fazer longe do habitat natural da planta. Não obstante, que fique em mente, a bananeira não sendo uma árvore de patacas é um ser vivo que exige cuidados e atenção ou definha e rapidamente morre.

04/06/2009

1+1 hão-de dar 3

Existem palavras que quando combinadas de determinada forma accionam correntes de raciocínio na minha cabeça. Estes vocábulos, que naturalmente variam dependendo do momento, têm uma força física ou química, estranha e potente, e são capazes de fazer correr macros ocultas - se preferirem a analogia. Têm também um componente aleatório ou circunstancial porque variam na forma como me conduzem e, consequentemente, não chego sempre ao mesmo destino, ou nem chego a destino nenhum, como sucede na maioria das vezes, paro numa qualquer estação de comboios onde o aviso electrónico deixa ler “aguardar pelo próximo estímulo cerebral”.

O melhor é sentares-te, penso, e assim, eu, ou melhor, a ideia lá fica a fermentar ao sol, porque não veio prevenida e não trouxe chapéu de palha. Mas depois, outra corrente eléctrica cerebral traz um outro pensamento, que por ter percorrido um caminho diferente tem uma perspectiva nova, e que chega a grande velocidade, como acontece com tudo o que é transportado por correntes eléctricas, cerebrais ou não, chocando inadvertidamente com o pensamento que lá repousava, fundindo-se com este e revelando todo um mundo novo.

Todos o fazemos de certo, mas a realidade é que, e sem ter lido ou pesquisado em jornais científicos, intelectuais ou feministas, podendo assim acenar com o conforto que só nos dá a ignorância, acredito que uns fazem-no até a dormir e outros necessitam de o fazer em voz alta, muito alta. Todos temos essas células nervosas activas chamadas neurónios, por onde circulam os fluxos de correntes eléctricas conscientes, a que por vezes chamamos de pensamentos, e os inconscientes, a que apelidamos sem limites.

Não sei a qual dos grupos pertencem os resultados das macros a que me refiro mas, por vezes, tenho consciência de considerar o que os outros ainda não discorreram, o chamado “muito à frente”, sobretudo com situações relativas às relações humanas. Um flagelo. Inevitavelmente conduz-me a essa estação de comboios onde ainda não chegou ninguém, onde vejo cenários e contingências, que por o serem, não se realizam, ainda bem, ainda mal, o que podia ter sido é realmente um tormento. Reboot. E depois, se partilho, fico à mercê da piada fácil, neurónios, neurótica, delírios, xanax, não gosto de estar à mercê de piadas fáceis, dêem-me as difíceis. Ou simplesmente fico à mercê de mim própria, senão vejam, vinha falar de silêncios e o que fiz foi escrever sobre o ensurdecedor ruído dos meus pensamentos que ainda não vejo concretizados.

28/05/2009

Semi-deuses

Deixaste-me em estado de euforia, semi-deus num mundo de mortais, sinto-me impregnada de desejo; desejo por ti.

Ando estouvada, salto enquanto caminho e danço enquanto corro, transbordo inquietação. Ainda assim, sinto-me capaz de pairar tranquila sobre as ondas, e de escutar os seus murmúrios, vejo o azul pálido transformado em azul índigo, brilhante e forte, magnífico.

Cegas-me e deixas-me extasiada e presa à tua presença. Quando não estou contigo fantasio o nosso próximo momento juntos e precipito a passagem das horas.

Quando te reencontro sorvo o instante com ganas de te reter aqui e tu atiças-me com provocações e assustas-me com a particularidade o teu discurso...A diferença entre o que sentimos está somente no momento em que o fizemos palavras.

Este sentimento, forte demais para ser contido, cresce em risco e aproxima-se de uma paixão desafiadora de normas e convenções.

Acautelem-se os mortais, pois estes são semi-deuses encantados.

12/05/2009

Longo tempo no teu espaço

Não tenho a pretensão de saber qual é o segredo do sucesso para uma relação duradoura, ainda assim, ouso, porque conquistei uma vivência a dois que já dura a alguns aninhos, arranhar algumas considerações.

Pouco importa o título que essa vivência possa ter, ou talvez importe mas não deverá pesar mais do que qualquer outra projecção que façam sobre nós. As uniões de facto, por exemplo, são casamentos anunciados sem data marcada para o dia da festa; seja por opção, necessidade ou convicção é também um compromisso que se assume todos os dias e não difere dos outros assinados em contrato.

Muito importante é que sejam assumidos os vícios de forma. As dificuldades emergentes de incompatibilidades recorrentes não fazem sentido e, a meu ver, o indivíduo tem duas opções: avocar que as discrepâncias de opinião ou de valores não são factores decisivos, e deixar-se embalar pela situação; ou reconhecer que os antagonismos constantes representam uma carga colossal que não pode ser transportada a uma longa distância.

Eu pessoalmente tenho um vício de forma muito particular, não acredito na constância de uma relação, acredito que as relações estão condenadas ao fracasso - quem diria !?...dirão alguns! Talvez por isso proclame que o empenho que pomos nelas deve ser desmedido, ou melhor, desprovido de medida mas em doses industriais. Não é tão só que parar seja morrer... deixarmos que cresçam buracos negros por falta de atenção é, antes de mais, um desperdício de vida.

Mas os buracos negros são problemas que podem surgir mas mais adiante… no início são apenas pequenos espinhos, que sejam pois identificados para que não nos piquemos todos os dias.

Quando seis meses são tão bem vividos e em tanta harmonia deviam contar como seis anos.

07/05/2009

Perdi um elefante

Perdi um elefante,
parece descabido
mas é verdade
está perdido!

Procurei-o nas gavetas
nas mesas e nas estantes
porque são estes os sítios
onde se perdem elefantes.

Não consigo entender
como se perde um elefante
afinal o paquiderme
é ou não um gigante?

Não encontro o motivo
para que ande desvairado
para mim é importante,
e se fica constipado?

Enerva-me esta busca,
anda fugido na certa
deve ter-se escapulido
por alguma porta aberta.

Logo que lhe sinto a falta
dou por ele sumido
arrebito as orelhas
mas não ouço nem zumbido.

Fugiu pé ante pé
sem deixar rasto nem nada,
perdi um elefante
antes perdesse uma manada,

Tal o número de bichos,
seria fácil de encontrar
mas um só elefante
onde o vou desencantar?

Encontrei-o por fim,
na areia espraiado
com um ar de felicidade
por um dia bem gozado.

Gozou-me ele a mim
que o busquei preocupado
o danado do bicho
Parecia dizer-me: Apanhado!




não foi este o elefante que perdi, este é o elefante de http://www.andreaslinzner.de/

28/04/2009

Extra! Extra!

A 79ª Feira do Livro de Lisboa abre esta semana.

26/04/2009

Génios de garrafa

Às vezes, só às vezes, a dormência é a melhor escolha.

Deixar o (nosso) génio sair da garrafa tem um preço. Normalmente os génios vêm carregados de ironia, pelo menos na literatura e no cinema. São criaturas poderosas que mais tarde ou mais cedo desejamos ver desaparecidas. Anunciam promessas e emanam uma aura de magia que se revela depois turva e traiçoeira.

Antes de agirmos convém sabermos ao que vamos e convém saber se temos energia para esfregar a lâmpada mágica. Nem todo o vigor é bom, ser virogoso não significa necessariamente ser-se forte ou decidido, e ser-se decidido também não significa ser-se certeiro, porque depois vem a que cena toda dos desejos, 3 desejos, mas quais? Saúde, sem dúvida, família, amor, riqueza, amizades, paz, e o diabo a sete, e de repente é o diabo no corpo. E tudo porque o génio saiu da garrafa.

E depois tudo depende da garrafa de onde veio o génio...

Hallelujah - outras paixões


Já fora do contexto pascal, venho partilhar outros hallelujahs cujos conteúdos e mensagens nada têm em comum com o anterior, excluindo talvez a paixão da mensagem que é cantada, a paixão sentida por quem as canta e por quem as ouve.

Aos apaixonados, ou tão só aos mais atentos, bom proveito.






22/04/2009

Extra! Extra!

Caderno de Saramago é publicado amanhã no Dia Mundial do Livro!

Vigia

Na torre contorcem-se as peças metálicas porque é um dia de vento. Maus dias, os dias de vento.

Aqui não são bem-vindos os ventos fortes que atiçam incêndios ou reacendem braseiros. Aqui espera-se que as notícias não cheguem, que o telefone não toque. A única voz que se quer escutar é a da confirmação da rendição, passadas que estejam as 8 horas do turno.

- Nem fumo nem fogo, não hoje, não no meu turno, mas se vier que não me deixe enganar - pensa o noviço. O seu parceiro de vigia anda nisto há meia vida e sabe bem o que é ser noviço em torre de vigia de incêndios, também já foi enganado pelas luzes que ponteiam as matas e pelos ventos que levantam poeiras e até pelos fumos dos churrascos dos leitões, quando vigiava na Mealhada.

Quando chegou a esta vida veio pela necessidade, para ter um parco mas seguro rendimento, agora o apelo que sente vem do amor pela mata, pelo seu concelho, pelos outros mais de seiscentos voluntários e pelos homens que, nos quartéis dia e noite, se endurecem para fazer frente aos infernos na terra; fá-lo pelo amor à vida e é respeitado por isso.

Aqui os mais velhos são os mais válidos: são mais atentos, mais certeiros; são mais conhecedores dos segredos do fumo, das suas cores e movimentos e do que isso significa. Eles lêem o fumo, lêem as folhas da floresta feitas em fumo. São eles os primeiros a dizer: - Liga à próxima torre, vamos triangular! São eles que, amassados pelo cansaço, se deixam ficar até ver o fim da queima.

Nesta atalaia as janelas de vidro são móveis em todo o perímetro e o conforto existe mas não está nos livros, nem nas televisões, nem nos computadores portáveis, que não entram nesta casa, está no isolamento térmico, e na segurança da torre e na porta contra-intrusão. É um conforto para que os olhos – olhos enormes e atentos - possam vigiar.

11/04/2009

Il Divo - Hallelujah

08/04/2009

Sentidos em alerta ou alerta dos sentidos?

Que se apure o sentido de auto-preservação
e se avance com cautela?

Que se ergam abrigos para proteger crias;
Que se levantem muros contra rivais;
Que se construam armadilhas em caminhos traiçoeiros;
Que se cuidem as feridas com unguentos preciosos;
Que se arrastem socorros prevenindo aflições.

Que isso nos impeça e nos condicione?
Que não se provem os frutos porque as suas cores são muito fortes ?

Sorvam-se os néctares e degustem-se pitéus;
Dê-se expressão às ideias;
Escrevam-se as palavras;
Esgrimam-se argumentos com opositores eloquentes;
Soltem-se os instintos;
Despejem-se sentimentos e assumam-se as paixões;
Olhem-se os olhos e vejam-se os âmagos.

07/04/2009

O Gui chora de novo

Longa ia a noite quando começou a ouvir o choro de uma criança que não era sua. Não era sua e por isso não sentia um aperto no coração, por uma doença que estava a ser chocada ou por um cansaço físico manifestado em forma de birra. Sentia apenas compaixão e esperava que aquele silêncio que se segue ao choro viesse. Vem sempre com mais naturalidade no choro das crianças dos outros porque esse sabemos que vai parar mais depressa. Não é crueldade ou indiferença pelo sofrimento dos filhos dos outros é a dimensão que toma o choro de um filho nosso, a forma como se expande no tempo e como se agiganta dentro de nós.

Escrevo em nome próprio



Tinha o cérebro a alertar-me para um eventual uso abusivo desta expressão “ em nome próprio”. Fiz uma busca na net e conclui que a minha memória, que me deixa muitas, muitas vezes, ficar mal, me apontava na direcção do disco de João Gil. Entretanto descobri que o que há por aí de actos “em nome próprio” é, como tudo o é na blogoesfera, incomensurável. Começando num blog abandonado desde 2006, passando por infindáveis actos de revolta de músicos contra discográficas ou contra companheiros de bandas, até mesmo um filme, imagine-se, que percorre o mundo.

Mas isto é bom porque quer dizer que o que está banalizado é de todos e, por conseguinte, é meu também para usar indevidamente. Falo hoje… escrevo hoje, em nome próprio.

Tenho andado sem tempo para nada, queria ter tempo para ler, para googlar, devia fazer umas visitinhas de médico e devia tirar um tempo para pôr a papelada em dia. Queria ir ao cinema, queria mesmo ir ao cinema. Mas não tenho conseguido. E tenho chegado à conclusão que tenho preenchido o meu tempo com coisas que não me têm dado o prazer que esperava.
Entre as coisas que me têm dado prazer estão os livros. Ando a ler três ou dois livros. Não reconhecem a forma de quantificação? Utilizam-na as crianças pequeninas. Como é possível que não se saiba quantos livros se anda a ler? Eu não sei, e se enlouqueço é outra a forma da minha insanidade.

Leio “As rosas de Atacama” de Luis Sepúlveda, gosto deste livro. Nunca tinha lido nenhuma outra obra deste escritor e esta parece-me um excelente primeiro contacto – não há impressão como a primeira. O livro soma curtas histórias de gente comum que o autor coleccionou ao longo dos anos; gentes anónimas e únicas que construiram países e apontaram caminhos a outras gentes também estas singulares.

Também ando a ler “Nos passos de Magalhães” de Gonçalo Cadilhe, outro autor para mim desconhecido. Não é um livro, é um jornal, um relato. Relata a história de Magalhães e a do nosso país de uma forma que, ainda, não se ensina nas escolas, ou talvez se ensine, nas universitárias, aos alunos do curso de história. Que não se ofenda o autor mas reafirmo que não é um livro, não na sua concepção tradicional, imagino-o muito mais como a reinvenção das crónicas ao estilo de Marco Polo – aí está um autor a pesquisar. Mas esta cronologia de hoje que segue a vida itinerante do português tem o mérito de nos fazer reflectir – os livros têm destas coisas – sobre a ironia das incompatibilidades humanas que mudam as vidas dos incompatibilizados, como foram D. Manuel e Fernão de Magalhães e dos outros, mais uma vez, anónimos e também alheios.

Leio ainda uma agenda cultural com notas interessantes, um livro “sem título e bastante breve e outros poemas” de Al Berto, a “Breve antologia da poesia portuguesa” que a fnac editou para o dia da poesia, e mais um … agora sim, atraiçoa-me a memória… cujo nome não me lembro e que como os três anteriores não posso considerar como um livro que ando a ler dada a natureza demasiado esporádica da leitura. Talvez não sejam três ou dois mas antes cinco ou dois - asseguro-vos que esta medição existe porque também já tomei conhecimento dela.

Estes dias têm passado pela intensificação da vivência com alguns amigos e pela redescoberta do prazer dos diálogos com “desconhecidos”. Dou-me a pessoas tão diferentes… pessoas que me ensinam que nas últimas sextas de cada mês o Casino Estoril tem noites com DJ’s convidados; pessoas que me ensinam que na última sexta-feira de cada mês o museu dos coches tem recitais e momentos culturais de entrada livre em que nos servem café e chocolates; pessoas incapazes de partilhar livros e outros incapazes de não os passar ao próximo; pessoas que dão formação sobre bonsais com objectivos beneficentes e outros que gastam dinheiro a frequentar formações de sushi; pessoas que vêem sempre, mas sempre, o que os outros têm de mais lindo e outras feitas cínicas, pela vida que tiveram ou sem motivo aparente.

Tiro prazer de um bom diálogo, da leitura e da escrita. Na escrita ensaio personagens retiradas de figurinhas ou de figurões; reflicto emoções perdidas; faço uso indevido das vidas dos outros mas esforço-me por respeitar intimidades - ao ponto de me encontrarem encriptada; busco silêncios gritantes e rumo a mim própria. Mas sobretudo ensaio … ensaio textos e palavras e faço-o em nome próprio; ensaio imagens e (com excepção da primeira foto que postei) faço-o em nome próprio. E rumo a mim própria e descubro que as pessoas não lêem as frases como eu as escrevo e isso faz-me mudar, mas só um pouco, a minha maneira de SER (dizer, ler e escrever).

Ensaio e aprendo.

23/03/2009

Bichinho de Conta


Uma ilustração de Rita Antunes para o livro "Que bicho te mordeu?" de Maria João Lopo de Carvalho.

Bichinho de Conta
Conta-me o que comes
Oferece-me frutas frescas
Com que matas as fomes.

Bichinho de Conta
Conta-me onde vais
Conta-me estórias de sítios
E de grandes carnavais.

Bichinho de Conta
Espera por mim no jardim
Vamos juntos em viagem
Buscando o cheiro do jasmim.

O futebol não é isto.

Não podia deixar de publicar, para a eternidade ou imortalidade, ou outra (calami)dade qualquer.

Paulo Bento - no directo da SportTV:

" Apesar de serem menos (os árbitros) às vezes parecem mais."

" Um fenómeno."

" A bandeira parece ter uma mola..."

A Desconfiança

É Bichinho venenoso
Crescendo dissimulado,
Deixa pedras no caminho
Põe-te a pau ou és caçado.

Alimenta-se do vazio,
de qualquer desentendimento,
Cresce gordo com soberba
Destruindo o sentimento.

Dão-lhe pernas para andar
e é vê-lo desenfreado
devorando, a belo prazer,
Tudo o resto semeado.

E se o facto lhe faz jus,
Temos causa perdida,
porque não mais recuará,
em toda a tua vida.

Para que tal não te suceda
previne-te, pois então,
destruindo-o à nascença.
Tens poder de comunicação.

O Desespero

O desespero lê-se nos olhos.

Pode o amor verdadeiro provar-se num beijo,
o desespero lê-se nos olhos.

Não nas roupas andrajosas,
que são também relaxamento;
Não nas mãos tremulas,
manifesto intenso de um rol de sentimentos;
Nem no coração apertado,
porque esse não se vê.

Vê-se nos olhos.
Choram ou secam.
Tristes que estão e em plena apreensão.
Contam vidas inteiras ou abusos repetidos;
Contam a perda de alguém ou a saudade prolongada.

Contam-me os teus …e os meus.

E então? Nada a dizer!

E então? Nada a dizer!

Atiro para o chão a toalha com que limpava o rosto, dia após dia, ora suor ora lágrimas, lutando na esperança de um pequeno retorno, uma alegria por uma pequena consecução.

Não quero mais esperanças vãs. Tu não queres! e eu sozinha não consigo. Nem tão pouco (quando) munida de soldados incansáveis. Rendo-me! Deposito as minhas armas a teus pés, usa-as tu, se lhe achares proveito.

Arrependo-me já por um sofrimento maior que pressinto, mas não posso dar mais de mim. Dei-te voz, dei-te o motivo, a razão e a paixão. Mostrei-te o futuro e disseste: não!!

Cingida que estou ao teu esquecimento, anuncio com mágoa: sou, por decreto teu, igual aos demais.

Oh! meu motivo maior, feito causa de perdição. Peço desculpa! …ou talvez não.

22/03/2009

21 de Março dia Mundial da Poesia


Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Interrogação - Camilo Pessanha

21/03/2009

Lisboa está viva!



Lisboa está viva!

Vive na noite do Bairro,
no zumbido das Docas,
nos segredos das vielas do Chiado.

Vive nos cafés das esquinas,
nas casas de pasto,
nas cozinhas novas.

Vive nas esperanças do Conservatório,
nos transeuntes das avenidas grandes,
no coração dos lisboetas.

Lisboa Vive de noite onde as pessoas habitam de dia!

19/03/2009

“Moche ao pai!”


Caminha nas pequenas pegadas deixadas pelo petiz que corre à sua frente perseguindo a espuma da água do mar. O sol está quente mas a areia está quase despovoada, as festas no centro da vila afastaram os veraneantes da praia. Observa aquela criança, forte em promessas, que sorri erguendo uma estrela-do-mar acima da sua cabeça e, de cabelos revoltos, grita: - Papá! É para ti! Feliz dia, Papá! A oferenda que lhe dava e que sempre guardaria era um sorriso rasgado pela alegria na partilha daquela conquista.

09/03/2009

Porque sou Mulher

Na sexta entrei no trabalho, almocei a correr e saí, ainda assim, não foi um dia como os outros, nem uma noite como as outras. Houve temas velhos em contextos novos e queixumes novos em regaços familiares. No final tinha mais razão do que supunha…

Amo porque sou Mulher,
Confundo porque sou Mulher,
Penso no que dizes porque sou Mulher,
Carrego o peso que me entregaste porque sou Mulher,
Fico a remoer nas tuas palavras porque as sinto como Mulher,
Sinto-me magoada, e vejo-te egoísta porque, como mulher que sou, pensei em ti;
Reajo com paixão porque sou Mulher,
Gosto de saber de ti porque sou Mulher,
Acolho as tuas confidências porque sou Mulher,
Acredito no que dizes porque, como mulher que sou, afirmo com a mesma convicção com que sinto;
Por isso,
Vou gritar, reclamar, espernear, queixar-me e lutar;
Vou tentar, voltar a tentar e tentar de novo;
Vou procurar saber;
Vou escolher e assumir;
Vou enfrentar e, de peito cheio e orgulho preenchido, dizer-te
FAÇO-O PORQUE SOU MULHER
Porque sou como me queres,
Sabes que sou MULHER e, como mulher que sou, assim … não cedo.

08/03/2009

Chicken Pie à escocesa

Limpe e lave o frango, corte-o em pedaços rejeitando os ossos principais, e depois tempere o frango com muito pouco sal, pimenta e sumo de limão.

Deite num tacho o óleo, metade da margarina, a cebola picada e as cenouras descascadas e cortadas à rodelas; leve ao lume e vá mexendo; quando começar a alourar , junte-lhe o frango e continue a deixar refogar em seco até o frango começar a alourar; então junte-lhe a farinha bem espalhada e remexida por todo o frango; mexa sobre o lume e depois junte-lhe o copo de vinho branco e o cubo de caldo, junte ainda meio copo de água, devagarinho e mexendo.

Enquanto isto corte os cogumelos em lâminas, deite a outra metade da margarina num tachinho e leve ao lume; junte-lhe os cogumelos e vá mexendo uma vez por outra.

Corte o fiambre em quadrados.

Entretanto, amasse a farinha com a margarina e junte-lhe quatro colheres de água e uma pitada de sal; amasse bem até que fique uma massa homogénea capaz de se estender com o rolo.

Deite um frango num tabuleiro ou num tacho de barro, de tamanho adequado e que possa ir ao forno, por cima espalhe os cogumelos e o fiambre.

Com o rolo, estenda a massa polvilhando com farinha sempre que necessário para não pegar. Depois coloque-a por cima do frango de forma a cobrir completamente.

Apare-a em volta e depois aconchegue-a bem, em toda a volta, com uma faquinha faça um buraco no meio; depois pinte a massa com um ovo batido. Com as aparas da massa, faça uma tira que colocará à volta junto aos bordos e bem aconchegada. Se lhe sobrou massa faça pequenas decorações e depois volte a pintar com ovo.

Leve ao forno cerca de 25 minutos.A massa poderá variar consoante o tamanho do tacho de barro.
Bom apetite!

Ingredientes:

1 frango
1 colher de sopa de margarina
3 colheres de sopa óleo
1 cebola grande picada
2 cenouras
1 colher de sopa de farinha
1 copo de vinho branco
1 cubo de caldo de galinha
100 grs de fiambre (com uma grossura de 2 mm ou mais)
200 grs de cogumelos
meio limão
sal e pimenta a gosto
1 ovo

Para a massa:

150 grs de farinha
75 grs de margarina
1 pitada de sal
4 colheres de sopa de água

07/03/2009

Achados ou perdidos

As páginas que agora lia começaram por a desanimar. Quando alguém se rende tão fortemente a um livro como ela se entregou àquele que agora punha de novo na estante, a obra que lhe sucede é castrada sem piedade.

Sofia acredita que os livros são todos secretos e o seu segredo está na força que têm para projectar os pensamentos de quem os lê para momentos completos, plenos de fantasias e ricos em sensações; mas acredita mais, acredita que os livros mesmo bons nos podem revelar segredos que guardamos de nós próprios, esses segredos, não fora o dom de quem os escreve, e nunca os reconheceríamos.

A sua convicção não se prende com o facto de sermos todos pessoas desinformadas ou sem auto-consciência mas antes com a parafernália de futuros possíveis que cada um encerra dentro de si e que se multiplicam, ou dividem, quando escolhemos interagir com outros.

Aquele livro que tinha entre mãos parecia só mais um, sem nada para ensinar, com personagens encantadas em terras de magia e com futuros fatídicos, e não prendia a leitura. Parecia construído em versão acelarada. Agora o passado, numa analepese introduzida antes de tempo, e depois o passado mais recente, descrito apressadamente, de facto, tão apressadamente que em duas ou três páginas o herói da narrativa era já um jovem adulto envolvido em encantamentos descritos em surdina. E já está! O presente da narrativa (a)presentado e servido em regime de leitura leve?!

O que a impeliu a continuar a leitura que levava de forma arrastada foi a dificuldade que ainda guarda em admitir que desistência também é desinteresse, e não tão só incapacidade.

Foi por essa insegurança imatura que àquele livro, bom ou mau ou, eventualmente, até excepcional, foi dado um compasso de espera.

Não se recordava de quem lho tinha oferecido, mas foi o facto de ter sido uma oferta que a levou a retirá-lo do lugar onde esperava a sua vez. Só sabia que alguém que a queria bem gostaria que o lêsse. E então leu-o!

Mas não estava preparada. Ao que parece até os livros menos bons têm histórias nossas para contar.

A páginas tantas encontrou descrito um sentimento que pareceu reconhecer. E se durante tanto tempo ela não soubesse toda a verdade? Era porque não existia, ou porque era impensável que pudesse existir?

Alguém em mente

O Afonso é o tipo de indivíduo que não consegue estar de mente desocupada, dir-se-ia que tem uma característica marcadamente feminina, pensa demais. Por estes dias, olha de novo em redor do espaço em que circula e procura. Viu-a ontem e pareceu-lhe que ela também reparara nele, os olhares ficaram suspensos e isso tinha de significar que existia algo em que pensar. Ei-lo procurando e pensando, pensando e procurando, enquanto na sua mente trauteia “ …but I still haven´t found what i’m looking for…”mais tarde mudará de registo e acusará “ …with or without you, with or without youuu… I can´t live with or without you hum, hum”. Pouco importa. O registo será aquele que estiver adequado ao momento, mas tem de haver um. O Afonso conhece-se e sabe que é sedento por emoções, por fantasias; quando se desencanta desperta quase imediatamente para o desejo de procurar alguém que “dê luta”. Forçando vivências mas sem apressar os estádios da intimidade entrega-se ao enamoramento e vive a vida, assim, com mais intensidade, com paixão, viciado em desejo e entusiasmo.

Aos “Afonsos” que por aí andam que fiquem com a identidade salvaguardada, aos outros Afonsos, qualquer semelhança é pura ficção. Por outras palavras, a quem a carapuça servir.

26/02/2009

Saramago

Susi, o outro elefante de Saramago.

Obrigada Nina! Pelo link e por achares em mim a Krisspi ...(p)reservada para outros ambientes.

Obrigada BM3! Pelo livro. Vou lê-lo em tua casa ou noutra qualquer...

17/02/2009

Escola virtual


É EM GRANDE este sítio dos miúdos!!

A escola virtual é espectacular, informem-se que vale a pena.
Conheço bem os módulos do primeiro ano e digo-vos em nome do meu e dos vossos filhos: Oh mãe dá-me!?
Peçam aos professores para aderirem também.

16/02/2009

Sem cera!

As pessoas que me cativam
são aquelas que lutam mais do que a maioria lutaria,
são os apaixonados pela vida, capazes de encher o peito de ar em busca de sensações,
são aqueles que se agarram às paixões com fome de viver,
são os que não cedem ao desânimo,
são os que vêem para “lá do que se vê”.

Esses são também os teimosos, impertinentes e quesilentos, os loucos.
Dão luta e, de uma forma ou de outra, dão-me luta.
“A inércia faz-me mal” e os que têm temperamentos apurados mudam a minha vida!

15/02/2009

Mãos na terra

Hoje andei de volta do meu "quintal". Plantei tomilho, hortelã, morangos silvestres, menta e alface.

Desde que mudei de casa que todos os anos embarco em novas aventuras aromáticas. Este ano aventurei-me um pouco mais. A única erva que já tinha plantado, e por diversas vezes, era a hortelã.


Sou fã de hortelã!! Sou fã do cheiro da hortelã, da hortelã e dos coentros. Sou mediterrânica!

A hortelã é uma erva invasora que alastra em qualquer vaso, ou pedaço de chão, e é tão audaciosa que chega mesmo a passar de vaso para vaso, se estes se encontrarem demasiado próximos. As outras ervas que trouxe para casa ainda não as conheço mas é muito entusiasmante vê-las, uma vez plantadas, a reagir ao seu novo ambiente.

Este ano, no entanto, aconteceu-me uma situação muito, muito estranha. Não me dou com a Menta. É verdade! Tentei plantá-la e até fui bastante bem sucedida, porque de imediato o seu aroma começou a intensificar-se e, foi então, que comecei a sentir-me francamente mal disposta.

Não consigo compreender mas sentia-me tão mal disposta como se estivesse, com os meus cinco ou seis anos, dentro de um carro que seguia às voltas e voltas por uma qualquer serra, ou como se estivesse perto da minha irmã e ela usasse de novo aquela colónia da johnson que sempre me deu dores de cabeça. Muito, muito estranho! Pu-la de quarentena…

Mas adiante, as estrelas este ano serão, sem dúvida, os morangos silvestres, nos quais deposito muita fé, até porque os acredito capazes de sobreviver a dias menos bons (meus, não de S. Pedro) e até às férias. Espero poder servi-los à mesa entre amigos. Se der um para cada será uma missão cumprida.

Boa Primavera! :)

Absolute Masquerade





1o Milhões de preservativos para carnaval do RIO !!!

14/02/2009

Absolute Red


12/02/2009

Evolução das espécies

Parabéns Mr. Darwin, ainda a levantar ondas?

O que pensaria o senhor se lhe dissesse que no 8º ano de escolaridade se ensina que "espécie é o conjunto de organismos, em regra, semelhantes na forma, que podem cruzar-se entre si, originando descendência fértil" (in Planeta vivo, Sustentabilidade da terra)? "Em regra"? "Forma"? Podem"?

Então e o Ocapi? Fez da girafa e da zebra animais, em regra, da mesma espécie, não obstante serem distintos na forma? Ou, (de)forma que fez uma espécie nova, em regra semelhante a duas que, ao que parece, até podiam cruzar-se e dar descendência fértil? Não pode ser, é muita margem, tanta margem que dava material para uma tese.

E o que me diz das "sombras de antepassados esquecidos"? Se todos guardamos em nós vestígios dos nossos antepassados e se partilhamos essas memórias com espécies tão diferentes da nossa, como podemos aceitar com tanta leveza que não sejam, eles próprios, da nossa espécie?

Pois é, outra vez a margem, a margem e a tolerância que lhe atribuímos...as diferenças marginais, o erro marginal, a alteração genética marginal que dita o aparecimento de um novo ser com a mesma "espécie de características" mas, ainda assim, marginalmente diferente, e por vezes ostracizado.

Desde que vingue! Desde que vingue, criará a sua própria "descendência fértil" e com ela a sua nova espécie, e essa, por sua vez, criará outras, e de repente eis o mundo povoado de criaturas à mercê do criador, do criador das espécies - o homem, que não quis ser criação de Deus. Não falo do Sr., claro! Falo de nós todos, abusando da nossa supremacia e desprezando as comunidades bióticas.

Parabéns e que continuemos a contar muitas, espécies.

P.S: Sabia que o google (essa máquina evolutiva) lhe dedicou o dia?

07/02/2009

As tuas histórias

Aos meus filhos,

Como somos diferentes, eu e tu!
Como são diferentes as linguagens que usamos!
Explico-te tudo.
Explica-me tudo!
“conta-me histórias daquilo que eu não vi…”

By your comand ....

Caríssimos estão abertas as ostilidades.
Digam de VOSSA justiça.

"Speak Now or Forever Hold Your Peace!"

05/02/2009

Manta de retalhos

Nas primeiras missivas que te escrevi armei-te cavaleiro; Hoje são secretas, resguardadas de mundos virtuais.

Nas seguintes, derramei emoções envoltas em palavras atabalhoadas e sentimentos conflituosos, difíceis de compreender;

Cobrei-te o olhar e exigi que a nossa medida fosse a mesma; Hoje cobro-te a presença, a doçura prometida e um futuro juntos.

E assustei-te. Caí prostrada com medo de não o saber dizer,mensageira de dor, reflexo teu.

Perseguimos sonhos, meus e teus, quase sempre cada um por sua vez, tamanha a força de vontade;

Arrastando pesadas heranças, erguemos blocos de pedras duras para que pudéssemos juntos descansar.

Fiz-te assinar em carta sagrada e em dia de confissões;

Confessámos, o que alguns pensaram adivinhar,que festejávamos o nosso começo; mas não era esse...o que nos selou... era outro, o primeiro. Tantos que tivemos... recomeços.

Esqueço-me agora de tantos sítios que visitámos, de nomes de terras, dos amigos deixados pelos caminhos.

Pudera ter a vida toda para esquecer e estaria, em ti, sempre em casa.

27/01/2009

Ostras

Nunca tinha provado ostras cruas mas os golden-days servem para isso mesmo, degustar as novidades da vida e revisitar lugares.

Invejosa que sou do que é meu, reservo-me o direito de guardar para nós, os que lá estavam, os momentos vividos, e escolho partilhar apenas a experiência gastronómica.

Comemo-las com limão, ou melhor, eu comecei por prová-las cruas porque achei que só poderia dizer se gostava ou não se as provasse como de facto são. Gostei, não amei, mas gostei.

Mas com limão, hum...sem dúvida recomendo; recomendo e consigo imaginar com facilidade que seja apenas o primeiro caminho a seguir. Mas também recomendo “open mind” porque não é para todos, os esquisitos que “não conseguem provar porque só de olhar ficam não sei quê...” deixem para outra altura...deixem para “dias dourados” pelo Outono da vida.

A ostra é um animal de tal forma perigoso que pode atacar a qualquer instante, é por essa razão que existem facas próprias com as quais as podemos esquartejar ali mesmo na mesa do restaurante, mas um qualquer garfo é suficiente para que a convençamos a largar a sua concha porque um restaurante que se preze não as apresentará fechadas - a questão será sempre “ e vivas estarão?”.

A nossa eleição foi o faroleiro http://www.faroleiro.com/faroleiro/farol.html , no guincho, e a mim convenceu-me. Não devo limitar o meu comentário à entrada porque nos serviram um arroz guloso que merece ser anotado e umas farófias que deveriam chamar-se “farófias do céu”, as melhores que já comi fora da casa da minha mãe.


A lição de hoje para os mais aventureiros é...

aprendam primeiro:

Na realidade as facas destinam apenas a manusear ostras que se servem fechadas. Se por ventura se encontrarem numa dessas situações lembrem-se: Usando uma faca para ostras ou uma faca curta mas forte, segurem a ostra com a parte chata para cima, com a mão protegida por um pano (se estiverem com convidados deverão disponibilizar um pano ou uma pequena toalha de mão para cada uma deles), e espetem a ponta da faca entre as duas metades da concha. O mais fácil é procurar a pequena abertura na “dobradiça”. Virem a faca com força para separa as duas metades.

Rodem a faca sob a concha e libertem a ostra da metade superior e soltem-na cuidadosamente para a metade inferior. Removam quaisquer pedaços de concha partida mas não entornem o líquido. A ostra está pronta a ser comida directamente da concha, temperada ou cozinhada.

Para os novatos nisto dos bivalves crus fiquem a saber que as ostras a deitar fora são aquelas que não se fecham quando lhes batem.

As ostras devem ser conservadas em gelo até ao momento de servir e nunca mais de 10 horas.

Bons apetites.

23/01/2009

O Início

Cheguei.

Desculpem se me atrasei mas andei perdida pelas ruas.
Perdi-me de amigos que agora recolho nas esquinas e nos passeios,
mas não era por mim que esperavam porque me sabiam perdida;
Perdi-me de pessoas que seguiam a ritmos que apenas sonhei;
Perdi-me de vocês e de Ti.
Perdi-me de sonhos suspensos no tempo.
Perdi o tempo e contra o tempo.
E como é dificil ganhar tempo.
Enfim! Eis-me chegada e sem compromissos.
Poderá haver melhor forma de chegar? Sem compromisso!!!
Estarei enquanto facilmente fizer tempo para permanecer, revisitarei este tempo enquanto for meu e partirei quando me sentir…
Chegada a mim, porque não me sinto perdida.

Ao PCCBG por não nos termos perdido;

À Sorela pela caminhada que, não sendo a mesma, foi tecida na mesma trama;

Ao RF por me ter espicaçado sem parar para pensar se me moia;

Às comadres por me terem segredado ao ouvido, só o consegue fazer quem está perto;

À Nina pela loucura, porque… sim, nós conseguimos, nós havemos de conseguir;

Aos tios, reis-magos, ao BM3 e ao MetroS, por se deixarem achar por mim;

Às “manas” por serem verdadeiramente da minha família;

Ao anjo PP pela inspiração…como me enganei contigo;

Às “miúdas” pela língua materna, língua das nossas mães - não a língua da terra-mãe;

Ao Mad pela lucidez que se quer a quem parte em grandes viagens.