01/09/2009

À Sombra da bananeira



O conceito em si é predominantemente perjurativo. Quem está à sombra da bananeira está, tácita ou declaradamente, sem fazer nada, mandriando descaradamente, quase sempre, nas barbas de outros.

Parece-me que este estado de espírito só pode ter tido origem em latitudes temperadas, ou melhor, em latitudes de temperaturas quentes, primeiro porque as bananeiras não crescem na escandinávia e em segundo lugar porque a sombra é fresca onde faz calor e fria onde faz frio. Esta constatação associada à observação preguiçosa que o outro, ou outros, que não está na dita sombra possuí as ditas barbas, remete-me para um imaginário revelador em que ambos estarão em terreno arenoso e aprazível, um descansando e outro, de barbas, produzindo.

Por esta altura, quem lê estas linhas já concluiu, de certo, que se tratam de dois, ou mais, piratas que se encontram numa qualquer ilha tropical onde o primeiro pelo seu estatuto ou por crua presunção descansa enquanto os demais executam o seu trabalho que, agora evidente pelo contexto sugerido, se traduz em subterrar levianamente um imenso tesouro confiscado em nome próprio em alto mar.

Enquanto escrevo noto que esta página bem poderia tratar dos piratas ressurgidos no nosso século, refiro-me àqueles que atacam os barcos nas costas da Somália mas bem poderia referir-me aos outros, os que atacam contas bancárias e poupanças, ou aos que atacam empregos. Mas o que me trouxe aqui foi a sombra e as bananeiras, deixo os piratas para outra ocasião.

O que me trouxe foi o imperativo de pôr por escrito que às vezes os que estão à sombra da bananeira são aqueles que com um árduo empenho a semearam e plantaram e até o conseguiram fazer longe do habitat natural da planta. Não obstante, que fique em mente, a bananeira não sendo uma árvore de patacas é um ser vivo que exige cuidados e atenção ou definha e rapidamente morre.

2 comentários:

Gelo disse...

welcome back...
vê lá se me trouxeste um cacho de bananas... não trouxeste, não é?!

Unknown disse...

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