04/06/2009

1+1 hão-de dar 3

Existem palavras que quando combinadas de determinada forma accionam correntes de raciocínio na minha cabeça. Estes vocábulos, que naturalmente variam dependendo do momento, têm uma força física ou química, estranha e potente, e são capazes de fazer correr macros ocultas - se preferirem a analogia. Têm também um componente aleatório ou circunstancial porque variam na forma como me conduzem e, consequentemente, não chego sempre ao mesmo destino, ou nem chego a destino nenhum, como sucede na maioria das vezes, paro numa qualquer estação de comboios onde o aviso electrónico deixa ler “aguardar pelo próximo estímulo cerebral”.

O melhor é sentares-te, penso, e assim, eu, ou melhor, a ideia lá fica a fermentar ao sol, porque não veio prevenida e não trouxe chapéu de palha. Mas depois, outra corrente eléctrica cerebral traz um outro pensamento, que por ter percorrido um caminho diferente tem uma perspectiva nova, e que chega a grande velocidade, como acontece com tudo o que é transportado por correntes eléctricas, cerebrais ou não, chocando inadvertidamente com o pensamento que lá repousava, fundindo-se com este e revelando todo um mundo novo.

Todos o fazemos de certo, mas a realidade é que, e sem ter lido ou pesquisado em jornais científicos, intelectuais ou feministas, podendo assim acenar com o conforto que só nos dá a ignorância, acredito que uns fazem-no até a dormir e outros necessitam de o fazer em voz alta, muito alta. Todos temos essas células nervosas activas chamadas neurónios, por onde circulam os fluxos de correntes eléctricas conscientes, a que por vezes chamamos de pensamentos, e os inconscientes, a que apelidamos sem limites.

Não sei a qual dos grupos pertencem os resultados das macros a que me refiro mas, por vezes, tenho consciência de considerar o que os outros ainda não discorreram, o chamado “muito à frente”, sobretudo com situações relativas às relações humanas. Um flagelo. Inevitavelmente conduz-me a essa estação de comboios onde ainda não chegou ninguém, onde vejo cenários e contingências, que por o serem, não se realizam, ainda bem, ainda mal, o que podia ter sido é realmente um tormento. Reboot. E depois, se partilho, fico à mercê da piada fácil, neurónios, neurótica, delírios, xanax, não gosto de estar à mercê de piadas fáceis, dêem-me as difíceis. Ou simplesmente fico à mercê de mim própria, senão vejam, vinha falar de silêncios e o que fiz foi escrever sobre o ensurdecedor ruído dos meus pensamentos que ainda não vejo concretizados.

2 comentários:

Estrela do mar disse...

Creio que somente em alguns, mas mesmo assim raros momentos consigo ter o silêncio cerebral, e esses são invariavelmente quando estou a trabalhar.
Complicado, diria, é o pensar... porque também tenho a tendência inacta de ver sempre "mais à frente", o que além de me criar dilemas existênciais - que alguns diriam nem de dilemas se tratarem e serem de fácil resolução - também me conduz a desilusões...
Por hoje chega... vou para a estação seguinte...

Beijinhos

BRG disse...

Qunado é que voltas de férias??

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