28/05/2009

Semi-deuses

Deixaste-me em estado de euforia, semi-deus num mundo de mortais, sinto-me impregnada de desejo; desejo por ti.

Ando estouvada, salto enquanto caminho e danço enquanto corro, transbordo inquietação. Ainda assim, sinto-me capaz de pairar tranquila sobre as ondas, e de escutar os seus murmúrios, vejo o azul pálido transformado em azul índigo, brilhante e forte, magnífico.

Cegas-me e deixas-me extasiada e presa à tua presença. Quando não estou contigo fantasio o nosso próximo momento juntos e precipito a passagem das horas.

Quando te reencontro sorvo o instante com ganas de te reter aqui e tu atiças-me com provocações e assustas-me com a particularidade o teu discurso...A diferença entre o que sentimos está somente no momento em que o fizemos palavras.

Este sentimento, forte demais para ser contido, cresce em risco e aproxima-se de uma paixão desafiadora de normas e convenções.

Acautelem-se os mortais, pois estes são semi-deuses encantados.

12/05/2009

Longo tempo no teu espaço

Não tenho a pretensão de saber qual é o segredo do sucesso para uma relação duradoura, ainda assim, ouso, porque conquistei uma vivência a dois que já dura a alguns aninhos, arranhar algumas considerações.

Pouco importa o título que essa vivência possa ter, ou talvez importe mas não deverá pesar mais do que qualquer outra projecção que façam sobre nós. As uniões de facto, por exemplo, são casamentos anunciados sem data marcada para o dia da festa; seja por opção, necessidade ou convicção é também um compromisso que se assume todos os dias e não difere dos outros assinados em contrato.

Muito importante é que sejam assumidos os vícios de forma. As dificuldades emergentes de incompatibilidades recorrentes não fazem sentido e, a meu ver, o indivíduo tem duas opções: avocar que as discrepâncias de opinião ou de valores não são factores decisivos, e deixar-se embalar pela situação; ou reconhecer que os antagonismos constantes representam uma carga colossal que não pode ser transportada a uma longa distância.

Eu pessoalmente tenho um vício de forma muito particular, não acredito na constância de uma relação, acredito que as relações estão condenadas ao fracasso - quem diria !?...dirão alguns! Talvez por isso proclame que o empenho que pomos nelas deve ser desmedido, ou melhor, desprovido de medida mas em doses industriais. Não é tão só que parar seja morrer... deixarmos que cresçam buracos negros por falta de atenção é, antes de mais, um desperdício de vida.

Mas os buracos negros são problemas que podem surgir mas mais adiante… no início são apenas pequenos espinhos, que sejam pois identificados para que não nos piquemos todos os dias.

Quando seis meses são tão bem vividos e em tanta harmonia deviam contar como seis anos.

07/05/2009

Perdi um elefante

Perdi um elefante,
parece descabido
mas é verdade
está perdido!

Procurei-o nas gavetas
nas mesas e nas estantes
porque são estes os sítios
onde se perdem elefantes.

Não consigo entender
como se perde um elefante
afinal o paquiderme
é ou não um gigante?

Não encontro o motivo
para que ande desvairado
para mim é importante,
e se fica constipado?

Enerva-me esta busca,
anda fugido na certa
deve ter-se escapulido
por alguma porta aberta.

Logo que lhe sinto a falta
dou por ele sumido
arrebito as orelhas
mas não ouço nem zumbido.

Fugiu pé ante pé
sem deixar rasto nem nada,
perdi um elefante
antes perdesse uma manada,

Tal o número de bichos,
seria fácil de encontrar
mas um só elefante
onde o vou desencantar?

Encontrei-o por fim,
na areia espraiado
com um ar de felicidade
por um dia bem gozado.

Gozou-me ele a mim
que o busquei preocupado
o danado do bicho
Parecia dizer-me: Apanhado!




não foi este o elefante que perdi, este é o elefante de http://www.andreaslinzner.de/